Partida de Carnaval

Por vezes muitas vezes a este mesmo, a este homem, faziam muitas judiarias. Como por exemplo: atavam na aldraba da porta, donde tinha aquelas coisas de bater, não é? Punham ali uma cepa, um bocado de videira cortado; atavam um fio, um fio de pesca. Penduravam ali e punham-se escondidos lá atrás de outra parede do outro lado. E depois era de noite, serravam aquilo: ronca-ronca, ronca-ronca, ronca-ronca… A fazer barulho… O homem, coitado, vinha à porta, não via nada! Ele voltava para dentro, apagava a luz e eles: ronca-ronca, ronca-ronca… E não deixavam a pessoa dormir! Ele depois começou a gritar quem lhe acudisse, que estavam lá e que não o deixavam dormir. E eles só a rir à gargalhada! Rapazes novos… Já se sabe o que é que eles faziam.

Uma vez saiu cá para fora com uma pistola! Com uma pistola e aos tiros, aos tiros… Eles a rir. Ele não dava com eles, que estavam lá atrás da parede. “Fujam, que eu isto e que aquilo, que eu assim, que eu assado…” Mas, coitado, cortou a cepa e foi-se embora, foi para dentro de casa. Eles depois também abalaram, já não continuaram mais.

Mas eram estas pequenas paródias que divertiam; as pessoas divertiam-se.

Georgino Rodrigues ,2010, Maceira ,Torres Vedras