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autor: Teresa Perdigão

Os pequenitos que participaram na marcha popular do Bairro da Boavista, nunca imaginaram que iriam estar na origem de uma das mais activas associações da cidade de Portalegre. Também não supuseram que estavam a criar os primeiros rebentos que viriam a transformar-se, dias depois, no Rancho Típico Regional da Boavista.

Era o ano de 1967. O Bairro da Boavista havia sido inaugurado em 1965. Por iniciativa de três amigos e dinâmicos moradores, o bairro deu-se a conhecer durante as festas dos santos populares, organizando a sua primeira marcha. Estaria na origem desta iniciativa arranjar fundos para as obras da capela de Santana. Os três eram membros da Confraria do mesmo nome.

Não esperavam eles, Carlos Fabião Vintém, António Lagarto e Álvaro Parreira, que lhes caísse em cima a responsabilidade de manterem vivo o entusiasmo das crianças que nela haviam participado, bem como o das mães e pais que viram na dança e nos cantares uma oportunidade para darem aos filhos formação e ocupação. A insistência foi muita e, apesar de os organizadores tentarem fazer compreender que não tinham meios nem conhecimentos para lhe darem continuidade, o resultado não lhes foi muito favorável.

Porém, para criar um rancho havia quase nada. Não havia nem trajos, nem sede, nem ensaiador, nem instrumentos, nem repertório. Havia vontade, muita insistência e crianças, sobretudo meninas, cujos nomes ainda são recordados, perante a única fotografia que testemunha a marcha de 1967 – o Tó Zé, a Mena, a Lena, as filhas da Virgínia, a filha do Fabião, entre outros. Era este o núcleo que viria a dar ao bairro o Rancho Típico e Regional(1) que, por força do empenhamento, nasceu um mês depois da marcha ter saído à rua.

“Vimo-nos envolvidos num processo da mais alta responsabilidade” diz, 43 anos depois, Álvaro Parreira.

(1) No Rancho, para completar os pares, vários rapazes foram recrutados no Internato de Santo António.