Se não havia ensaiador, nem quem percebesse de dança, nem recolha de cantares, a primeira urgência era encontrar alguém que suplantasse estas dificuldades.
Era sabido que um funcionário bancário, natural de Santo António das Areias, de nome João Nunes Vidal, era um apaixonado por folclore. Um verdadeiro apaixonado! Este termo tem de ser reforçado, como o reforçam sempre as pessoas que dele falam. Um apaixonado que passava todos os seus tempos livres de gravador na mão, calcorreando a serra, com a crença de que o que fazia era essencial para que os saberes dos trabalhadores da região não se perdessem.”Foi o primeiro gravador que apareceu na região. Muitas vezes tinha de o esconder para as pessoas não se assustarem”, afirma João Vidal, hoje já arredado das lides do folclore, por razões de saúde, o que não lhe retira o “brilhozinho nos olhos” com que fala dessa altura.
Parece não ter sido difícil trazê-lo de imediato para dar continuidade ao entusiasmo nascente do êxito da apresentação da marcha no desfile da cidade. Graças ao seu saber e à sua experiência, a 29 de Julho , o Boavista apresentava-se no salão de festas do seminário, com um repertório de uma dezena de balhações .