nome: |
Manuel Alves |
ano nascimento: |
1930 |
freguesia: | Pereiro de Palhacana |
concelho: |
Alenquer |
distrito: |
Lisboa |
data de recolha: | 2013 |
Alenquer A "Praça de Homens" - Descrição de funcionavam as praças de homens, onde os caseiros compravam mão-de-obra para trabalhar nas quintas. Manuel Alves, Ano de Nascimento 1930. Pereiro de Palhacana. Alenquer. Relato sobre práticas "Dantes era de sol a sol. Dantes, até uma certa altura, era de sol a sol. A gente levantava-se de manhã. Ao sol-nascer, tínhamos que estar dentro das propriedades das pessoas. Se fosse um bocadinho mais tarde… E até ao sol-posto. E às vezes até o sol já estar posto, já se via mal, e tal, e eles aproveitavam mais um bocadinho da gente. E depois vínhamos para casa. E todos os dias o dia-a-dia era assim; era rural. E não havia estipulação de ordenado. O ordenado, eles é que determinavam, os patrões, uns com os outros. A gente não sabia. Só ao fim-de-semana – e era pago ao fim-de-semana. Algum caso que às vezes estivesse mais enrascado, às vezes até iam pedir dinheiro, coitados. Porque isto havia umas lojas aí, havia muita gente. Iam pedir dinheiro adiantado para comprar as coisas à loja. Alguns que eram mais caloteiros, as pessoas já não confiavam neles… Essas coisas às vezes…Era assim. E vivemos assim deste género. Até que depois veio então a praça doas oito horas. Quando começaram a fazer praça foi quando foi já as oito horas. Mais tarde, não sei em quanto a data, não posso prever agora … Mas foi também ainda a gente cá estávamos, foi em mil novecentos e cinquenta e tal. Começaram a fazer praça de homens ali naquele lado onde a gente esteve agora, a seguir à igreja. Naquele larguinho ali é que se fazia a praça dos homens. Iam ali contratar o pessoal; escolhiam o pessoal e depois aquilo era um leilão, não é? Aqueles que mais davam é que levavam. E era assim antigamente que se fazia então a praça – que era então as oito horas. Quando eles diziam assim: - Quero tantos homens, este, este e aquele. Tantos homens, dou xis. E depois os outros iam atrás: os outros ofereciam mais. Depois aqueles que ofereciam mais ficavam-se. Ou era o preço que não lhe convinha… Ficavam-se. E os outros que tinham a última palavra é que levavam aquele xis de homens. E era assim. Se era dez, se era doze… Chegou-se a fazer ali uma praça com trinta e tal homens, não é? Vinham aqui deste lugar, de Palhacana, vinham de São Cunhado… Vinham de Bonvizinho, daquele lugar em baixo, de Palaios. Vinham da Calçada – depois na Calçada começaram a fazer também outra praça. Era assim. Começou a haver essa praça mas foi antes das oito horas. [Celeste Alexandre] [Alguns] eram mais fortes a trabalhar… E então muitos patrões que já sabiam quem eles eram, diziam logo: - Eu quero este e aquele e aquele! O Manel e o Zé e o Francisco! E dou… -por exemplo: -trinta escudos! Naquela altura… Então, quando abalámos de cá, era… O meu marido, o mais que ganhou foi trinta e cinco escudos. Quando abalámos de cá do Pereiro, eu tinha 29 anos. O mais foi trinta e cinco escudos. Mas depois… Aquilo depois deu um grande salto. Aqueles, coitados mais velhos, ou com menos posses, mais fraquitos, eles iam sendo… ficando… Quando queriam a praça toda, era a malta toda. Já viam que os outros que coiso e diziam: - Dou xis pela praça toda! E eles às vezes iam, para irem todos, coitados, que todos precisavam de comer e se não trabalhassem não tinham… O pão nosso de cada dia era o trabalho deles." Histórias partilhadas nos tempos de lazer e em festas e romarias. Actividades promovidas pelo Município.
Inventário PCI
Transcrição
A praça de homens
Caraterização
Identificação
Contexto de produção
Contexto territorial
Contexto temporal
Património associado
Contexto de transmissão
Equipa