Mar Português

 

 

Vou caminhando sozinho

De corpo ao vento

A brisa é bela

A mão do Senhor, o lamento,

O amor –

E tu, à janela,

Acalmas a dor;

Dás o sustento.

 

Ao largo do horizonte

Uma ave a voar

Em direcção ao mar,

Esse mar que o peixe adora.

Ninguém ignora

O sentido de gente boa,

Gente do mar,

Que a praia envolve

Como um sonho lindo.

 

O pôr-do-sol na água

Transforma um avermelhado –

Não da cor do sangue,

Mas espelho imenso, divinal,

Uma das cores do arco-íris –

Parece fazer crescer

A vontade, o desejo de viver!

 

Ó Divino, faz-me sonhar

Que é mentira a crueldade

A capacidade

Das pessoas se entenderem

Deixai que não caiamos

No abismo

Do oportunismo

Do cinismo,

Do pecado

Faz-me criança

Novamente

Para ganhar a confiança

Necessária

Tentar compreender de forma essencial o mundo

Que está prestes a ficar moribundo

E sufocado

 

Ajudai-me, meu Senhor,

Para que haja Fé, Verdade e Amor

Então tudo ficará melhor.

 

Faço um apelo geral

E a uma ajuda divinal

Que passe este turbilhão.

Deito-me na areia e escuto uma canção –

A canção do mar

Que alguém está a cantar.

 

Será ave ou peixe?

O próprio mar?

Alguém está a cantar.

Até a sereia poderá ajudar

A salvar o nosso mar,

Este país: o nosso Portugal!