Designação: | Papas de Milho - Otília Cardeira |
Freguesia: | Cachopo |
Concelho: | Tavira |
Distrito: | Faro |
Data de recolha: |
2014 |
Eram as papas de milho que davam a energia necessária para passar o dia de enxada na mão, retirando de um terreno pobre o sustento familiar. O acompanhamento das papas era conseguido ao sabor dos recursos do momento: um pouco de banha, um pouco de entremeada, um fio de azeite, mel ou água-mel. Hoje o uso das papas de milho conhece uma reapropriação pelas novas gerações que as usam como acompanhamento de refeições. Ingredientes: àgua, Farinha ou Carolo de Milho. Preparação: Num tacho baixo coloca-se água fria e mistura-se a farinha ou carolo de milho. Leva-se ao lume. Quando começa a ferver baixa-se o lume e mexe-se um pouco para não queimar no fundo. Deixa-se ao lume brando até que a superfície comece a fazer uma crosta com bolhas grandes (a barriguinha de velha). É altura de apagar o lume, tapar o tacho com um pano e deixar repousar um pouco. Está pronto a servir, acompanhado por papada frita, figo seco, água de mel e outros alimentos. Nesta receita, a informante incorporou gordura de porco derretida. Também se usa azeite para acrescentar algum sabor nas papas. Na costa do Algarve a preparação das papas é mais rala, com mais água, chamando-se xarém. O cultivo do milho chegou à península Ibérica com Cristóvão Colombo. Com uma alta produtividade e como não se pagavam impostos sobre o seu cultivo - ao contrário do trigo, centeio e cevada o milho implementou-se em todo o território nacional com grande rapidez durante o seculo XVI. Esta adoção do milho pelos agricultores portugueses enriqueceu o regime alimentar das populações pobres. Foram os portugueses que difundiram o milho pelo mundo. As aplicações culinárias do milho desenvolveram-se com igual rapidez. No Algarve e no resto do país encontramos hoje memórias da produção doméstica de farinha e carolo de milho com uma mó manual a molineta já usada pelos romanos. Nos relatos que recolhemos no Cachopo, Tavira, afirma-se que o seu uso era quotidiano: pela noite a família revessava-se a trabalhar na mó para produzir a farinha que seria usada no dia seguinte para fazer as papas de milho. As memórias relacionadas com as papas de milho são ambivalentes: por um lado os informantes reconhecem o valor alimentar desta comida mas também lhes lembra um tempo muito difícil e de grande pobreza em que eram obrigados a comer as papas todos os dias por não haver mais nada. Eram as papas que davam a energia necessária para passar o dia de enxada na mão, retirando de um terreno pobre o sustento familiar. O acompanhamento das papas era conseguido ao sabor dos recursos do momento: um pouco de banha, um pouco de entremeada, um fio de azeite, mel ou água-mel. Hoje o uso das papas de milho conhece uma reapropriação pelas novas gerações que as usam como acompanhamento de refeições. Colectivo/Comunidades Os direitos colectivos são de tipo consuetudinário. Esta receita continua ser confeccionada em diversas localidades da Serra Algarv Dieta Mediterrânica. A Dieta Mediterrânica envolve um conjunto de saberes baseados na proximidade e na sazonalidade. Estes saberes aplicam-se à agricultura, à alimentação e à organização social. A sua zona natural de ocorrência é a bacia mediterrânica. Os produtos da época, o azeite, o pão e os vegetais são predominantes nesta dieta. Utensílios de cozinha. Tacho de cobre. Serra Algarvia Círculos Familiares
Inventário PCI
Transcrição
Caraterização
Identificação
Contexto de produção
Contexto territorial
Contexto temporal
Património associado
Contexto de transmissão
Equipa