nome: |
Angelina Fernandes |
ano nascimento: |
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freguesia: | Castro Laboreiro |
concelho: |
Melgaço |
distrito: |
Viana do Castelo |
data de recolha: | 2022 |
- A arruda e o mau olhado
- A moura de Quinjo
- A moura e o encanto mau
- A moura e o leite de cabra
- A mulher de Cavada Velha
- Acompanhamentos invisíveis
- Brandas e inverneiras
- Cantigas de trabalho - pastar o rebanho
- Curar feridas
- Curar o enganido
- Curar queimaduras
- Ervas benzidas
- Medos e Acompanhamentos
- O entrudo e os frangalheiros
- Os acendimentos
- Os lobos da carvalheira
- Palavras ditas e retornadas
- Triste ceguinho em Cavada Velha
- Ver pessoas no acompanhamento
Cantiga tradicional sobre um rapaz enamorado que se fingia de cego para vir falar à sua amada. Romanceiro (IGR 0189 El ciego raptor); estrófico (redondilha menor) - "Claro, ali era caminho de passagem, era um caminho de passagem. A gente passava por ali. Havia burros para andar a cavalo. A gente passava a cavalo. Depois era uma rapariga solteira, uma rapariga nova. (...) Havia um rapaz que gostava dela, mesmo, gostava dela. Passava por ali a cavalo e ele botava-lhe mezinho a cavalo. Depois ele passava o cavalo, conversava com ela e depois dizia-lhe que fosse com ele, mas ela não ia. A mãe não a deixava ir. (...) Depois ele ia-se embora a correr e ela ia a correr atrás do cavalo. E a mãe só lhe disse assim: «Ó minha filha, atira com o lenço, minha filha, atira com o lenço! Atira com o lenço que foge contigo, atira com o lenço!» Mas depois atirou com o lenço, o lenço foi atrás do cavalo e ela ficou. O lenço foi atrás do cavalo, do indivíduo que ia a cavalo. E ela ficou. (...) Elas viviam ali. E ele vinha de noite, fazia-se de cego. Fazia que era cego. E chegava à porta delas e botava-lhe uma cantiga. Chegava à porta da moça. E eu sei esta cantiga, que ninguém a sabe: - Acorda mãezinha se estais a dormir, Está o pobre à porta a cantar e a pedir. - Se canta e pede dá-lhe pão e vinho, E se não quer que siga o seu caminho. - Não quero do seu pão, não quero do seu vinho, Quero que a menina me ensine o caminho. - Acabou-se-me o linho e espiou-se-me a roca, Vai-te embora cego que aí vai o caminho. - Anda Aninha anda para a salinha além, Que eu sou curto de vista, mas vejo-te bem. Olha Aninha, olha o que lá vem: Lindas carruagens que buscar nos vêm. - Adeus minha mãe, adeus minha terra, Adeus fraguinhas da Cabana Velha. Ela diz-lhe essa cantiga ao lugar dela. «Adeus minha mãe e adeus minha terra, adeus fraguinhas da Cavada Velha» E eu, ensinou-me uma mulher velha, ainda eu era novinha, mas nunca mais me saiu da minha memória. Nunca mais. E não a sabe ninguém. Eu já lhe fui cantar ao padre. E [quando a cantei] ao padre, já assentou num livro. E cantei-lhe mais cantigas, não é? Mas esta era a mais importante para ele. Foi a mais importante que encontrou. Esta é uma cantiga muito antiga, muito antiga, muito antiga. Muito, mesmo muito antiga. (...) Tem séculos. Isto tem séculos! Claro, houve pessoas que aprenderam e houve pessoas que não fizeram caso dela. Eu fiz! Mas houve pessoas que não. E então a minha mãe, tinha que lhe cantar esta cantiga todas as noites, só me queria ouvir cantar esta cantiga. Então eu tinha que lhe a cantar todas as noites. Quando estávamos na casa à noite ela [dizia-me]: «Canta-me aquela cantiguinha que tu sabes, canta.». E só eu é que cantava a cantiguinha que eu vos apresento. Eu cantava-lhe mais, mas ela queria esta, gostava desta, porque (...) é uma cantiga muito bonita, tem uma moda muito bonita. E ela então gostava desta cantiga."
Inventário PCI
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