nome: |
Paulatino Augusto |
ano nascimento: |
25/01/1929 |
freguesia: | Grândola |
concelho: |
Grândola |
distrito: |
Setubal |
data de recolha: | Fevereiro 2007 |
- Agora mandas tu
- Aprende a ser educado
- Conheci uma rosa
- Dizes que choras por mim
- Maria Maria Maria
- Meu coração para três
- Não canto mais o fado
- Numa noite de casamento
- O 25 de Abril
- O rico e o pobre
- Quem a morte me desejar
- Quem morreu
Poetas Populares de Grândola - Vídeo Poesia Popular. “Não canto mais o fado”- Poema sobre o desgosto de não mais poder cantar o fado Paulatino Augusto; Ano de nascimento: 1929; Concelho de Grândola. Registo 2007. Décimas. Quadra (mote) seguida de uma glosa em 4 décimas (em redondilha maior). Classificação: Proposta por Paulo Correia (CEAO/ Universidade do Algarve) em Julho de 2007. «Já na’(1) sou nada na vida. E tudo ao pé me desapareceu. Eu já não me posso cantar o fado. O fado(2) pra(3) mim morreu. Já tenho a vida findada. Sei que me levam qualquer dia pra debaixo da terra fria prá(4) minha eterna morada. Não tenho ideia pra nada. A ideia ‘tá(5) perdida. Está findada a minha lida como findou a Severa(6). Mas à vista de quem eu era já na’ sou nada na vida. Foi-se embora a novidão(7). Ouvir de pouco a pouco, eu vou estar cego e louco e com penas no coração. Eu sou o que resta de paixão. E quem lhe diz isto tudo sou eu. Pereci daquele que faleceu. Serás tu e toda a gente, mas devagar e lentamente, todo o bem me desapareceu. Na flor da minha idade eu nem queria acreditar que a velhice tinha tirado e toda a nossa vontade. Acreditem que é verdade que eu já vivo apaixonado. Porque quando eu vou para qualquer lado, eu abalo(8) cheio de agonia, porque já não tenho alegria. Porque não posso cantar o fado. Nos tempos que eu vivia, nos meus tempos de miúdo, brincava e fazia tudo aquilo que ao diabo esquecia. Eu cá nunca me aparecia tudo aquilo que me apareceu. Porque Deus é que me deu a vida para eu penar? Mas por já não poder cantar, pra mim o fado morreu.» Paulatino Augusto, Grândola, Fevereiro de 2007 Glossário: (1) Na’: abreviatura oral de “não”. (2) Fado: canção popular portuguesa geralmente interpretada ao som de guitarra portuguesa e viola, de andamento lento, de tom nostálgico, nos temas de amor ou saudade, ou rápido se associado à alegria, ao divertimento ou crítica política e social. (3) Pra: abreviatura oral de “para a”. (4) Prá: abreviatura oral de “para a”. (5) ‘Tá: abreviatura oral de “está”. (6) Severa: Maria Severa Onofriana (1820 -1846) é referenciada como a primeira cantadeira de fado, em Lisboa, e é um dos mitos e referências da história do fado em Portugal. (7) Novidão: mocidade, juventude. (8) Abalo: vou embora. Para a execução deste glossário consultaram-se os seguintes websites: http://www.priberam.pt; http://www.infopedia.pt; http://www.dicio.com.br; http://aulete.uol.com.br; http://ofadodelisboa.blogspot.com/2007/03/o-fado-da-severa.html; http://www.infopedia.pt/$severa,2; http://acll.home.sapo.pt/portugues.html Poetas populares em iniciativas esporádicas do Município de Grândola. Em Grândola, vários poetas populares participam na iniciativa Rota das Tabernas (16ª edição em 2010) realizada em Junho. Existem vários Encontros de Poetas Populares, nomeadamente em concelhos do Alentejo e do Algarve.
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Contexto temporal
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Equipa
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