nome: |
Maria Augusta Martins Falcão |
ano nascimento: |
1935 |
freguesia: | Caçarelhos |
concelho: |
Vimioso |
distrito: |
Bragança |
data de recolha: | Outubro 2010 |
- Barnabé o Mixordeiro
- Comer cobra
- Dia 14 de Outubro
- Memórias de teatro popular
- Mulher malfadada
- Tragédia da mulher
Vimioso "Comer cobra" - Sobre a que sabe a cobra e os fins medicinais da água da sua cozedura. Maria Falcão, ano de nascimento 1935, Caçarelhos. Registo 2010. Caso/ mesinhas caseiras/medicina popular Comer cobra «Prontos, sabe muito bem. É como quando também a gente matava uma cobra, e depois cozia a cobra, e aquela iágua(1) da cobra parece que é galinha! Tem o gosto, tal e qual(2), como se fosse a galinha. E eu já o tomei também bastantes vezes porque também sou muito atacada por reumatismo e, quando eu era garota, numa altura, eu estava tolhida(3) e a minha mãe untou- -me(4) bem untada com o unto(5) da cobra e deu-me a comer cobra. (…) Cozeu a cobra, fez umas sopas da água da cobra, e eu comi aquilo tudo! E eles foram lavrar(6) - e eu não me mexia, pra(7) me mudar para um lado ou para o outro tinham que me agarrar ao colo (…), depois deixou-me ali à porta da loja(8) dos porcos, embrulhada nuns capotes, numas mantas: eu aí suei) e quando eles vieram da arada(9) eu já andava por aí! (…) Uma cobra grande! (…) Quanto maior for, mais bem se come, mais bem se lhe tira a carne do meio dos ossos. Mas o comer cobra é como comer galinha. Maria Falcão, Caçarelhos (Vimioso),Outubro de 2010 Glossário: (1) Iágua – água. (2) Tal e qual – exactamente o mesmo; exactamente igual. (3) Tolhida – entrevada; paralítica. (4) Untou – espalhou no corpo da pessoa uma grande quantidade de determinada substância e friccionou a pele. (5) Unto – preparado de consistência pastosa que tem por base uma gordura e que se aplica na pele, no caso, será gordura da cobra. (6) Lavrar – trabalhar a terra com arado e charrua de modo a poder cultivá-la; cultivar; amanhar. (7) Pra – “para” (redução da preposição “para”, sua forma sincopada,usadano registo popular, informal - reprodução da pronúncia). (8) Loja – nome dado à casa, ao nível do chão ou quase, onde vivem os animais (pode ser uma pocilga, um estábulo, um curral, uma coelheira – o lugar onde estão os animais). (9) Arada – terra lavrada ou que se anda a lavrar; campo lavrado; lavoura. Referências bibliográficas e recursos online utilizados no glossário: Barreiros, Fernando Braga. (1937). Apêndice ao «Vocabulário Barrosão». Revista Lusitana Volume XXXV, Lisboa: Livraria Clássica Editora, p. 254. Barros, Vítor Fernandes, (2006). Dicionário do Falar de Trás-os-Montes e Alto Douro. Lisboa: Edição Âncora Editora e Edições Colibri, p. 42, 228. Vasconcelos, José Leite de. (1985). XI - Linguagem popular de Carragosa - Dialecto Transmontano, I parte — (Artigos redigidos pelo autor). OPÚSCULOS. Volume VI – Dialectologia (Parte II). Organizado por Maria Adelaide Valle Cintra Lisboa, Imprensa Nacional, p.18. http://aulete.uol.com.br; http://clubehistoriaesvalp.blogspot.com/2010/04/dicionario-de-palavras-e-termos-que-se.html; http://michaelis.uol.com.br; http://www.ciberduvidas.com/pergunta.php?id=21960; http://www.colegioweb.com.br/portugues/adjetivos-e-substantivos1.html;http://www.infopedia.pt; http://www.mirandadodouro.com;http://www.priberam.pt Transmitidas aos serões, em quotidianos de trabalho e lazer. Residentes do concelho de Vimioso que são convidados para iniciativas do Município e Biblioteca de Vimioso. Principais actividades desenvolvidas e que enquadram estas manifestações culturais: Sons e Ruralidades em Vimioso ANAMNESIS - Encontro de Cinema, som e tradição oral. Feira de artes, ofício e sabores (ver links em documentação)
Inventário PCI
Transcrição
Caraterização
Identificação
Contexto de produção
Contexto territorial
Contexto temporal
Património associado
Contexto de transmissão
Equipa