nome: |
Armando Domingos, Maria Barreiros, Maria das Dores, Maria Glória |
ano nascimento: |
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freguesia: | Riba de Mouro |
concelho: |
Monção |
distrito: |
Viana do Castelo |
data de recolha: | 2022 |
- A branda de St António
- A gaita de coqueira
- A gravidez de 3 meses
- A gravidez de gémeos
- A princesa e a moura
- Aguar crianças e animais
- As feiticeiras
- Calçar os socos
- Cortar a peja
- Criar o porco com duas cerejas
- Curar as frieiras
- Desenganir a criança
- Diz que nunê bô
- Erguer o ventre
- Falar à de Riba - criar o porco
- Falar à de Riba - encher chouriças
- Medos e acompanhamentos
- O carvoeiro casou
- O carvoeiro e o abade
- O carvoeiro e o burro
- O nome do gado
- O porquinho de St António
- Os diabos
- Os meses
- Os vários namorados
- Para a criança falar
- Rematação de St António
- Talhar a peçonha
- Talhar as doenças
Relato sobre a arrematação de Santo António, em que cada família prometia uma peça de carne ao santo, que tentava voltar a comprar em leilão - "Ainda temos a rematação de Santo António, não sei se já ouviram falar. Antigamente as pessoas, agora já não se cria muito os porcos, mas antigamente criavam-se os porcos e então para que Santo António - Santo António diz que é o protetor dos animais - para que os animais se criassem e se dessem bons, prometia-se uma peça a Santo António, um bocado do porco. Normalmente era um lacão." - "Ainda tenho ali para lhe dar este ano." - "Também eu tenho um. O lacão, a mais da frente, aquela parte." - "Mas só lhe deixava um bocadinho da orelha." - "Mentira. Eu tenho um e deixei-lhe muita coisa." - "Eu tenho tudo, o lacão inteiro." - "E davam-lhe o lacão. Havia gente que dava-lhe a cabeça, havia gente que dava uma chouriça. Cada um dava-lhe aquilo que prometia. E depois, na véspera da festa há a rematação das carnes. Chamam-lhe a rematação dos lacões de Santo António, que se rematam lá a quem der mais. Vendem-se e o dinheiro é para o santuário." - "Mas, nesse caso, muita gente rematava o próprio que eles davam." - "Mais engraçado foi Carlos, o meu, há três anos. Dei um lacão e depois fomos para lá, comer lá e disse-lhe eu, estava a fazer a comida e disse-lhe ao Carlos: «Vais lá e rematas o lacão.». Chegou-me a casa sem ele. «- O lacão, Carlos?» «- Botaram muito dinheiro, não estava para estar lá todo o dia a botar dinheiro.» [Risos] Que eu lembro-me!" - "A pessoa queria trazer a peça deles, queria-a trazer para a casa, mas as outras pessoas subiam-lhe para cima, subiam-lhe [o preço]." - "Viram que ele que o queria e começaram a botar para cima. Deixou-o ir." - "Mas a tradição era essa." - "A tradição dos lacões." - "Era Leonildo, no meu tempo, era Leonildo o que rematava." - "Agora pelo fim era o Pereira do altifalante que rematava. E noutro tempo, já há muitos anos, rematavam aos domingos. Era um domingo qualquer do mês que havia a rematação a sair da missa, nas laias das igrejas. Também dos lacões de Santo António." - "Mas muitos só levavam mesmo aquela pecinha na frente e depois aquilo ia um dinheiro enorme. [Pensavam:] «Como é que aquilo pode custar tanto dinheiro? Aquilo vai-se comprar [barato].». Mas era o próprio dono que não o deixava ir, porque ele queria dar aquele dinheiro, mas comprava a peça dele para trazer para trás. O risco [é] que você bota para puxar o outro e está sujeito a ficar com ele." - "A novena havia aqui." - "Tínhamos que lá estar todo o dia." - "Havia a novena nove dias. Por exemplo, no tempo agora do milho, íamos agora à noite, dormíamos lá, de manhã havia a novena outra vez e vínhamos embora para seixar o milho e tornávamos a ir outra vez à noite, tornávamos a dormir e andávamos assim." - "Naquele dia à noite não havia. A gente ia à noite e havia outra depois de manhã cedo para a gente poder ir. Mas naquele dia já não havia, havia outra vez no outro dia." - "Era: hoje à noite, amanhã de manhã cedo." - "Exatamente. Mas isso era quando a gente dormia lá. Mas depois naquele dia não havia nada, só no outro dia à noite é que iam outra vez." - "No outro dia tornávamos a ir a seguir, íamos a pé por aí acima, tornávamos a dormir [e] no outro dia tornávamos a ir para baixo. Dormíamos lá nos colchões no chão e comíamos e estávamos para lá a fazer uns sonhos." - "Todos contentes." - " É. Era uma alegria naquele tempo." - "A gente ia para o Santo António. Quando esteve lá o António Guterres (...) diz ele: «Aqui parece que o céu está mais perto.»." - "Havia quem ficava lá. Os mais idosos, por exemplo, iam e ficavam lá." - "E não vinha para baixo, estavam lá. Porque tem lá uns quartéis, tinham lá umas casinhas para ficar lá. Tinham era que levar o colchão de palha." - "Qual colchão? Às vezes punha-se a palha lá no chão." - "Mas o colchão era feito de pano. Eu ainda me lembro de dormir num colchão de palha, que tinha uma racha no meio e todos os dias havia que mexer na palha. E ao fim de uns quantos meses a palha ficava velha e havia que lha trocar." - "Eu ainda me lembro, quando era pequena, que a minha avó - ela morreu tinha eu 6 anos - dizia-me assim: «Ó Marquinas, vai ali ao saragome.», chamavam-lhe o saragome - «Vai ao saragome buscar uma presa de palha para acender o lume.»" ainda não existe transcrição
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