nome: |
Maria da Conceição Costa |
ano nascimento: |
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freguesia: | Rubiães |
concelho: |
Paredes de Coura |
distrito: |
Viana do Castelo |
data de recolha: | 2022 |
- A batalha de Travanca
- Alumiar as almas
- As fiadas e o tronco
- Debaixo da laranjeira
- Defumar a trovoada
- Luas e ventos
- O Sarronco
- Oração ao deitar
- Os serões
- Os toques de morte no sino
- Para não ser ladrão
- Snifar rapé
- Tirar o ar ao morto
- Velar o morto
Relato sobre tradições fúnebres. Rituais fúnebres tradicionais (velório na casa do morto) - "Morria a pessoa. Punham duas tábuas no meio da sala, estendiam-na ali, muito esticadinha para ir elegante. [Risos] E ficava ali o espetáculo, que eu tinha-lhe um medo que me cagava toda, e iam buscar duas mulheres, então, o caixão." - "A pé à vila!" - "Iam a pé à vila. Tratavam [do morto] e duas mulheres iam buscar o caixão à cabeça para aqui." - "Já vinham do (Ribes?), duas mulheres." - "E o (Ribes, não ribava?)!" - "O velho, o pai." - "Elas iam-os buscar à cabeça! ainda me lembro do tio Sebastião, que elas lhe foram buscar o caixão à cabeça." - "Mas foi ali. Fazia-os ali no Arturinho." - "Sim, mas ainda é longe. Eu sei que vinham com o caixão à cabeça por aí fora com o espetáculo para as casas. Não havia carros..." - "Quando eu comecei a tratar já era do Ribes." - "Lá de cima. E depois é que metiam-no lá dentro. Lá lavavam o que tinham a lavar, vestiam o fato, metiam-no lá dentro (...). E depois a casa, que as casa também eram todas velhas, aparelhavam-na. Cobriam-lhe as paredes todas. Estava ali um armador a cobrir tudo com panos. Panos a toda à volta. A gente entrava para ali, era uma sala de panos, de trapos e o caixão." - "De que cores?" - "Ainda há, às vezes, para aí, ainda aparece aquele preto com coisas douradas. Ainda cheira a mortos." - "Era, mas era azul do escuro." - "Depois era uma comedoria no sítio em que morria a pessoa. Em vez de estarem ali a chorar e a velar o morto, eram dois pochino ali a comer e a beber, dois homens." - "Eu nunca." - "Não?" - "Eu, Deus me livre. Eu ia comer?" - "Mas outros iam. Eram duas mulheres para ir buscar o caixão, que foram, que iam. A mulher que andava a convidar os das irmandades. E havia muita gente ali a comer à pala do morto" - "E depois os que vinham passar ali a noite, ali?" - "E depois os parentes vinham todos para ali passar a noite, contar anedotas e estarem ali ao lume a tomar café toda a noite e o que fosse." - "Agora o irem assim para as capelas, é um regalo, é um descanso." - "E eram os doridos, pronto, os que lhes morreu o pai, a mãe, o irmão, não lhe apetecia comer, não comia. Ele ia chorar e não comia e os outros todos a encher o cú à pala do morto. [Risos] E era assim o antigamente. Tudo cobertinho, que as casas estavam velhas e então era aquela a moda. Também era moda nas casas que eram melhores." - "E não foi aqui uma que se levantou a dizer que queria arroz?" - "Foi, eu lembro-me deles contarem isso. Estava [morta] ou desmaiou ou não sei quê. Morreu, pensavam que estava morta. Foram buscar o caixão, meteram-na dentro e fizeram a arrozada para estarem todos ao lume a comer, os que estavam vivos, os doridos. E ela, contam, que se levantou, que apareceu na cozinha [a dizer:] «Eu também quero arroz!»." [Risos]
Inventário PCI
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Contexto temporal
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Equipa