nome: |
Marlene Castro |
ano nascimento: |
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freguesia: | Rubiães |
concelho: |
Paredes de Coura |
distrito: |
Viana do Castelo |
data de recolha: | 2022 |
- A batalha de Travanca
- Alumiar as almas
- As fiadas e o tronco
- Debaixo da laranjeira
- Defumar a trovoada
- Luas e ventos
- O Sarronco
- Oração ao deitar
- Os serões
- Os toques de morte no sino
- Para não ser ladrão
- Snifar rapé
- Tirar o ar ao morto
- Velar o morto
História sobre o Sarronco, uma espécie de bicho papão. Rituais sazonais (carnaval); figuras lendárias (o “sarronco”) - "Eu nunca vi um Sarronco. Nem sei o que era, é uma coisa assustadora que eu não sei. Que a gente às vezes brincamos ao Sarronco. Enfiamos um saco pela cabeça e andamos ali a correr uns atrás dos outros. É uma coisa muito feia, mas eu não sabia o que era." (...) - "Depois no Carnaval o Sarronco saía, não é? Uma espécie de careto. O Sarronco saía para assaltar as casas, as travessas, para assustar a gente..." - "Olha, eu vesti-me de Sarronco!" - "... para engravidar as moças. Pois vestiste, há dois anos. (...) E há um esconjuro do Sarronco. Pronto, tem uns versinhos a descrever o Sarronco: É um basculho meio bicho, meio gente, Feito de ranço e na boca só tem um dente. É corcunda, tem cornos como o diabo, Tem as pernas tortas e do cú sai-lhe um rabo. No domingo gordo há que agarrar o Sarronco, Traze-lo para o centro da aldeia, amarrá-lo a um tronco. Chegada a terça-feira é tempo de mandar para o inferno. Depois de dois dias de festa diz-se adeus ao inverno. O feiticeiro revira os olhos, meio vivo meio morto, Desata a gritar e pular já com o diabo no corpo. - Ai as colheitas, cheia de maleitas! Queima o Sarronco! - Ai que não emprenham as vacas e as espigas estão fracas! Queima o Sarronco! - Ai que não medram os anhos e lá se vão os rebanhos! Queima o Sarronco! - Ai que não põem as galinhas e secaram as vinhas! Queima o Sarronco! - Ai que putedo, parece bruxedo! Queima o Sarronco! - Ai esta doença que não há quem a vença! Queima o Sarronco! - Ai santíssima trindade, que já vejo a irmandade! Queima o Sarronco! Arda no inferno, seu excomungado desengonçado. Deixa-nos em paz, filho de satanás! E agora atirai-lhe com sal, para esse espírito do mal rabiar até se engasgar. Que morra ele e a inveja e que Deus nos proteja. E por fim a atirai-lhe um dente de alho para o borralho E que esse filho da puta vá de vez para o caralho. Depois é: E ardia ali a cobiça e toda a amizade postiça, Não havia magia que resistisse aquela folia. Bebia um bagaço levantavam engaço, gritavam aos céus e atiravam com chapéus. Eram concertinas a tocar e saias a rodar até o dia raiar E na quarta-feira iam à missa recordar que a vida é passageira E pedir eternidade junto da sua santidade E a cinza na testa ditava o fim da festa. E marcados pelos seus pecados Pediam perdão com as mãos cruzadas no coração. E é outro dia, era outra melodia, Agarravam na enxada para começar nova jornada."
Inventário PCI
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