nome: |
Tia Desterra |
ano nascimento: |
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freguesia: | Póvoa de Varzim |
concelho: |
Póvoa de Varzim |
distrito: |
Porto |
data de recolha: | 2007 |
- A abantesma e a mulher
- A abantesma e o homem
- A bruxa às canichas
- A bruxa e o peixe
- A esposa bruxa
- A tia ressuscitada
- Alma penada na igreja
- Ceia de Natal
- Diabo preso
- Latinórios
- O bezerro maldito
- O diabo e o Adolfo
- O diabo na igreja
- O diabo no muro da igreja
- O espírito mau no morro
- O fim das bruxas
- O peixe grande
- O voo do namorado
Póvoa de Varzim "O fim das bruxas" - Explicação de como as bruxas correm o fado e da maneira de o quebrar. Ti Desterra, Póvoa de Varzim, Registo 2007 […] irmãos, contavam-se muitas histórias. Que viu isto, que viu aquilo… Uns viam, outros não viam. Portanto, o meu pai… Eram quatro irmãos. Um, era o meu Tio Zé, diz que via tudo e mais alguma coisa. Os outros não viam nada. - Onde está? Mas onde está? Onde é que está? - Oi, tenho aqui um carneiro… Havia sempre carneiros, havia sempre ovelhas, havia sempre… Depois as bruxas pegavam muito com os homens do mar. E eu dizia assim ao meu pai: - Ó pai, mas como são as bruxas? Hoje fala-se de bruxas… - Não, não tem nada a ver com isso. -dizia o meu pai. O meu pai explicava tudo muito bem. -Essas mulheres não têm nada a ver com isso. Essas mulheres têm por sina correr o fado. E então, àquela hora, elas saíam. Não precisavam de abrir portas, não precisavam de abrir nada. Como estavam na cama, saíam. E tinham de correr sete fontes, sete montes, sete cemitérios, sete igrejas… Era uma ladainha assim muito grande. Acabavam o fado, elas vinham para trás, para casa. Outros, expurdinhavam-se. Chamavam-se os corredores. Expurdinhavam-se onde… na cama onde um bicho se tivesse expurdinhado. Se fosse um cão, era um cão; se fosse um cavalo, era um cavalo; se fosse um galo, era um galo; se fosse uma galinha, era uma galinha. E deixavam ali a roupa, tinham de sair todos nus. Se tivesse alguém que tivesse coragem, que soubesse e que se pegasse na roupa e a queimasse, o fado acabava-lhe. Senão andavam assim até que terminasse. Ou que alguém lhe fizesse sangue na carne… Tinha assim as suas histórias. Tinha as suas histórias, que diziam. Diz o meu pai. - E então essas bruxas… O meu pai dizia: - Essas bruxas são bruxas… Elas não têm culpa. Havia as bruxas do mal, que andavam no meio do diabo, -dizia o meu pai -de noite… Vinham pelas cozinhas dentro, abriam as pipas dos lavradores… Só faziam estragos. E o meu pai diz que o meu avô que contava que elas que vinham pela nossa cozinha dentro. - Ó Manel! Ó António Joaquim! Anda cá! E o meu pai – o meu avô, que dizia assim: - Ide embora! Ide para casa, tende vergonha! Tende vergonha! -diz que o meu avô dizia para elas: -Tende vergonha! Tende vergonha, ide embora! Isto muitos anos atrás, para aí uns cento e cinquenta anos atrás. E eu disse ao meu pai: - Ó pai, e como é que isso acabou? Hoje não se ouve falar nisso. Eu queria saber tudo. Eu queria saber as coisas. O meu pai disse: - Filha, aquilo era tipo uma herança. Como hoje temos as doenças, aquilo era uma herança. A pessoa estava a morrer, dizia: Eu deixo, eu deixo, eu deixo… Aquela que dissesse: Deixo para aí – então fica mesmo para ti. Aquela mulher ia passar o que a outra passou. Quando depois alguém começou a estudar isso bem estudado, então quando elas estivessem assim a morrer, não! Davam-lhe um toco para a mão, qualquer coisa para a mão e no fim pegavam naquilo e queimavam. E o fado acabava ali. Actividades promovidas pelo Município da Póvoa de Varzim, Biblioteca Municipal e Museu Municipal de Etnografia e História da Póvoa de Varzim. Comunidade piscatória da Póvoa de Varzim
Inventário PCI
Transcrição
O fim das bruxas
Caraterização
Identificação
Contexto de produção
Contexto territorial
Contexto temporal
Património associado
Contexto de transmissão
Equipa
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