nome: |
Tia Desterra |
ano nascimento: |
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freguesia: | Póvoa de Varzim |
concelho: |
Póvoa de Varzim |
distrito: |
Porto |
data de recolha: | 2007 |
- A abantesma e a mulher
- A abantesma e o homem
- A bruxa às canichas
- A bruxa e o peixe
- A esposa bruxa
- A tia ressuscitada
- Alma penada na igreja
- Ceia de Natal
- Diabo preso
- Latinórios
- O bezerro maldito
- O diabo e o Adolfo
- O diabo na igreja
- O diabo no muro da igreja
- O espírito mau no morro
- O fim das bruxas
- O peixe grande
- O voo do namorado
Póvoa de Varzim "O voo do namorado" - Relato de um homem que foi lançado pelos ares por qualquer força demoníaca. Ti Desterra, Póvoa de Varzim, Registo 2007 Essa minha tia contava esta história na mesma ilha, porque nasceram ali. Está a ver, o meu pai nasceu em 1892 e nasceu naquela casa, que um dia, depois, eu também lá nasci. Antigamente não se ia para os hospitais, as mulheres tinham os filhos em casa. E então essa minha tia namorava com um rapaz. Namorava com um rapaz e o rapaz ia namorar lá a casa – aí está, no postigo. E a minha tia dizia assim para ele: - Vai-te embora. Vai-te embora… -aquilo não era todos os dias que aparecia. -Vai-te embora. - Embora o quê? Estás maluca? Tenho medo de alguma coisa? - Vai-te embora. Vai-te embora… -dizia ela. Mas o rapaz não queria ir embora. Ela pressentiu alguma coisa que vinha de cima, abre a porta, pega nele – pumba: para dentro de casa. E fecha a porta. E ela disse: - Não vais embora, ficas aqui. - Tu estás maluca? Ficar na tua casa? Ficas difamada! - Eu não quero saber. O meu pai e a minha mãe estão ali e eu vou para a minha cama. O meu pai e a minha mãe sabem que tu ficas aqui. E tu não és burro de subires as escadas, que eles matam-te. Sim, que para mais a minha tia não estava sozinha. Não o matavam, tiravam-lhe o pescoço fora. Tiravam-lhe o pescoço fora! E o rapaz… Mas o rapaz, claro, com aquela coisa de… Não queria dizer à rapariga que tinha medo. Disse: - Não, eu vou-me embora, eu vou-me embora. -ficou ali um bocado mas foi-se embora. Foi-se embora. Chegou à quina da ilha… O rapaz era do Sul, era aqui da beira da Lapa. Ele tinha que virar para a rua que vai direita ao Carvalhido, que é a Rua Elias Garcia que vai depois direita às esplanadas. E ele foi pelo ar até chegar à Rua Elias Garcia. Na esquina, pumba: os pés no chão. Os pés no chão… O homem… De socos, que eles usavam socos, os pescadores usavam socos: pimba, com os pés no chão. Viu a rua cheia de carneiros. Só via carneiros. E ele não tinha por onde passar. Mas tinha que passar, não podia ficar parado. Ele enxota corno para aqui, enxota corno para acolá, cheio de medo, a tremer – faz uma pequena ideia… Mas lá foi passando pelo meio deles. Até que correu aqueles carneiros todos. Quando se apanhou livre, tira os socos dos pés – ó pernas, para que te quero! Nunca mais apareceu à minha tia. Nunca mais na vida aquele homem apareceu à minha tia. Diz que: - Fica-te, que nunca mais na minha vida! Mulher seja ela! Isso era o que ela contava. Actividades promovidas pelo Município da Póvoa de Varzim, Biblioteca Municipal e Museu Municipal de Etnografia e História da Póvoa de Varzim. Comunidade piscatória da Póvoa de Varzim
Inventário PCI
Transcrição
O voo do namorado
Caraterização
Identificação
Contexto de produção
Contexto territorial
Contexto temporal
Património associado
Contexto de transmissão
Equipa
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