nome: |
Mariana dos Santos Pacheco (Mariana Bicho) |
ano nascimento: |
1938 |
freguesia: | Salvada |
concelho: |
Beja |
distrito: |
Beja |
data de recolha: | Outubro 2010 |
- 5ª feira das endoenças
- A bela Infanta
- A filha varão
- A mulher do maioral
- A Rosinha costureira
- Aprender a contar
- As 3 filhas
- Deolinda e o patrão
- Hortense e o rapaz
- Juz juiz divinal
- Mulher sempre deitada
- O pranto da virgem
- O rapaz da bicicleta
- O rico e o pobre
- Oração de S.Gens
- Oração do início do dia
- Passeando D.Maria
- São gritos ao Calvário
- Senhora do Carmo
Beja “As 3 filhas”-Três moças não saem de casa e não falam com ninguém por imposição da mãe. Existe uma razão… Mariana Bicho; Salvada; Ano de nascimento: 1938; Concelho de Beja. Registo 2010. Conto Jocoso: Ciclo “Em Busca de um Marido”: Tipo 1457, As Manas Tartamudas (The Lisping Maiden). Classificação: Isabel Cardigos (CEAO/Universidade do Algarve) em Setembro de 2011 Fonte da classificação: Isabel Cardigos, Paulo Correia, J. J. Dias Marques, Catalogue of Portuguese Folktales, “F.F. Communications nº 291 “ Academia Scientiarum Fennica, Helsínquia, 2006.Elaborado a partir dos catálogos internacionais, nomeadamente o “Aarne-Thompson” (The Types of the Folktales, “F.F.C. nº 184, Helsínquia1961) e a recente reformulação de Hans-Jörg Uther, The Types of International Folktales: A Classification and Bibliography, “F.F.C. 284-286”, Helsínquia 2004. «Havia uma mãe… Também que era môral(1). Os môrais tinham boas coisas. (…) Era um casal – viviam num monte(2) e a mãe tinha três filhas. Aquela (…) senhora tinha três filhas. (…) Mas as moças na’(3) apareciam à rua… (…) *Mas e(?) assim*(?): - Mas eu parece que ela tem três filhas e ná’(3) aparecem à rua?! - Vi a velha lá lavando num poço, disse assim: - Eu vou-le(4) bater à porta! Bateu. Vê uma! (…) Bateu à porta e ele disse-lhe assim: - Olhe menina, fazia favor, dava-me uma gotinha de água? Ela nunca le disse nada! Voltou pa’(5) dentro foi buscar. Foi buscar uma pucarinha(6) (…) em barro (…) e deu-le a água. Ma’(7) na’ lhe disse nada! Que é que ele faz? Deixou cair a pucarinha! [Risos]. Quando ela vai, diz assim: - Ai! Patiu-se a putarinha! Responde a outra: -Patissa na’ atissa, a nossa mãe na’ disse que na’ falassi(8)? Responde a outa: - Eu ‘tou cá atás(9) da pota(10), a pota, afiando a roca, a roca, sem dizer nada a ninguém! [Risos].» Mariana Bicho, Beja, Outubro de 2010 Glossário: (1) Môral – moiral («contracção de maioral «principal pastor do gado. No ms. 1º. acha-se escrito moural. Num doc. do sec. XIII, publicado pelo snr. Gabriel Pereira nos seus Doc. da cidade de Evora, lê-se mayoral de gaados (pag.28).» Vasconcelos, J. Leite de. (1890-1892). Dialectos alentejanos. Revista Lusitana. Volume II, Livraria Portuense, pp.22-23). (2) Monte – regionalismo do Alentejo - «Cada herdade, com raríssimas excepções, contém uma casa ou edifício denominado monte - talvez por ser construído sempre no alto duma colina ou ondulação do terreno, - no qual, além da parte destinada à habitação do proprietário e do seu feitor, ou guardas, existem os celeiros, as arrecadações da ucharia ou dos aparelhos agrícolas, as cavalariças, o forno, a abegoaria, etc. Em algumas herdades há, ainda, outras casas, alugadas aos jornaleiros ou criados da lavoura, designados então por caseiros, - termo de sentido bem diverso do que lhe compete ao norte do Tejo, onde significa feitor.» Gonçalves:1921: 128-129). (3) Na’/ná’ – não. (4) -Le – ‘lhe’ (pronome, registo popular e modo informal). (5) Pa’ – “para” (em próclise, usadode modo informal e coloquial). (6) Pucarinha – «vasos para beber água ou para a tirar do pote; têem uma só asa, (…) e sempre de barro,» Viana, (1888-1889: 216). (7) Ma’ – mas. (8) Falassi – falasse. (9) Atás – atrás. (10) Pota – Porta. Referências bibliográficas e recursos online utilizados no glossário: Barros, Vítor Fernandes & Guerreiro, Lourivaldo Martins. (2005). Dicionário de Falares doAlentejo. Porto: Campo das Letras. p.128. Barros, Vítor Fernandes, (2006). Dicionário do Falar de Trás-os-Montes e Alto Douro. Lisboa: Edição Âncora Editora e Edições Colibri, p.254 Barros, Vítor Fernandes, (2010). Dicionário de Falares das Beiras. 1ª. Edição. Lisboa: Âncora Editora e Edições Colibri, p.243. Chaves, Luís. (1916).Folclore de S.ta Vitória do Ameixial. Volume XIX. Lisboa: Livraria Clássica Editora, p.320. Gonçalves, Luís da Cunha. (1921). A vida Rural do Alentejo. Breve estudo léxico-etnográfico. II - O regime da propriedade rural. A terra e a habitação. O lar e a alimentação. Sistema usual de explorar a terra. Os salariados e os salários. Horário do trabalho rural (pp.128-136). Academia das Sciencias de Lisboa. (1926). Boletim da Classe de Letras (Antigo Boletim da Segunda Classe). Actas e Pareceres Estudos, Documentos e Notícias. Volume XV. 1920-1921. Coimbra: Imprensa da Universidade (p.128-129). Nunes, José Joaquim. (1902). Dialectos Algarvios (Lingoagem do várlavento)(Conclusão). Revista Lusitana: Arquivo de Estudos Filológicos e Etnológicos Relativos a Portugal, (1ª Série), Volume VII, Lisboa: Antiga Casa Bertrand. pp. 250. Pires, A. Tomás. (1907). Vocabulário alentejano. Revista Lusitana. Volume X, Lisboa: Imprensa Nacional, p.96. Vasconcelos, J. Leite de. (1890-1892). Dialectos alentejanos. Revista Lusitana. Volume II, Livraria Portuense, pp.22-23). Viana, Gonçalves. (1888-1889). Matrizes para o estudo dos dialectos portugueses. Revista Lusitana. Volume I. Livraria Portuense, p. 216. http://www.infopedia.pt; http://www.mirandadodouro.com/dicionario. Contadores de histórias que participam em iniciativas do Município de Beja. São convidados na iniciativa Palavras Andarilhas. Vão a escolas, lares e bibliotecas.
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