nome: |
Mariana dos Santos Pacheco (Mariana Bicho) |
ano nascimento: |
1938 |
freguesia: | Salvada |
concelho: |
Beja |
distrito: |
Beja |
data de recolha: | Outubro 2010 |
- 5ª feira das endoenças
- A bela Infanta
- A filha varão
- A mulher do maioral
- A Rosinha costureira
- Aprender a contar
- As 3 filhas
- Deolinda e o patrão
- Hortense e o rapaz
- Juz juiz divinal
- Mulher sempre deitada
- O pranto da virgem
- O rapaz da bicicleta
- O rico e o pobre
- Oração de S.Gens
- Oração do início do dia
- Passeando D.Maria
- São gritos ao Calvário
- Senhora do Carmo
Beja “A bela Infanta”- Sobre uma infanta que anseia pelo regresso do seu marido que foi para a guerra das Cruzadas (1096-1270) e o regresso do mesmo a casa. Mariana Bicho; Salvada; Ano de nascimento: 1938; Concelho de Beja. Registo 2010. Romance: Regresso do Marido: Bela Infanta Classificação: Isabel Cardigos (CEAO/Universidade do Algarve) em Setembro de 2011 Fonte da classificação: Idália Farinho Custódio, Maria Aliete Farinho Galhoz, Isabel Cardigos, Romances: Património Oral do Concelho de Loulé, vol.II, Loulé, 2006, CM Loulé, pp. 46-56. A Bela Infanta] «Estava a bela Infanta, no seu jardim assentada, com um pente d’ ouro fino, seus cabelos penteava. Deitou os olhos ao mar, viu vir uma grande armada, capitão, que nela vinha, muito bem que a governava. – Dizer-me vós, capitão, dessa tão formosa armada, se vistes o meu marido, na terra que Deus pisava. – Mas dizer-me vós, senhora, os sinais que ele levava. – Levava cavalo branco, selim de prata dourada, na ponta da sua lança, a cruz de Cristo levava. – Os sinais que dás senhora, tal cavalheiro não vi. – Quanto darás senhora, a quem o trouxesse aqui? – Deria(1) tanto dinheiro, que não tem conto nem fim, as telhas do meu telhado, que são d’ ouro e marefim(2). – Guardai lá as vossas telhas, não me estão dadas a mim, sou capitão, vou prà(3) guerra, não sei o que é de mim. – Mas quanto darás, senhora, a quem o trouxesse aqui? De três filhinhas que tenho, tod’ as três lhe dava a si. Uma para ó despir, a outra prò(4) descalçar, e a mais bonita de todas para consigo casar. – Já na’(5) tenho mais que peça, nem a senhora que dar, dê-me o seu corpo gentil, para comigo noitar. E o anel das sete pedras, que contigo reparti? Mostra-me a tua metade, que a minha vês a aqui. – Se eras o meu marido, pra(6) que m’ estavas enganando? – Todas as mulheres são falsas, ê’(7) ‘tava-te(8) experimentando. – Venham cá ó minhas filhas, que o vosso pai é chegado. Abra-se o nosso portão, que há tantos anos fechado, vamos dar graças a Deus, graças a Deus consagrado.» Mariana Bicho, Beja, Outubro de 2010 Glossário (1) Deria – daria (reproduziu-se a pronúncia da informante). (2) Marefim – marfim (reproduziu-se a pronúncia da informante). (3) Prà – para a (contração da preposição pra com o artigo ou pronome a; uso popular e coloquial). (4) Prò – para o (contração da preposição pra com o artigo ou pronome o; uso popular e coloquial). (5) Na’ – não (houve supressão da acentuação e do o para reproduzir pronuncia popular, uso coloquial). (6) Pra – para (redução da preposição “para”, sua forma sincopada,usadano registo popular, informal). (7) Ê' – eu (houve acentuação do e e supressão do u para manter a pronúncia). (8) ‘Tava-te – estava-te (pronúncia popular do verbo “estar” conjugado, uso coloquial). Referências bibliográficas e recursos online utilizados no glossário: http://aulete.uol.com.br; http://www.ciberduvidas.com; http://www.infopedia.pt;http://www.priberam.pt Transmitidas aos serões, em quotidianos de trabalho e lazer. Contadores de histórias que participam em iniciativas do Município de Beja. São convidados na iniciativa Palavras Andarilhas. Vão a escolas, lares e bibliotecas.
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